Sete décadas atrás, os primeiros utilitários pequenos construídos para apoiar o trabalho do exército dos EUA na Segunda Guerra Mundial saíram da linha de uma linha de montagem. E continuam até hoje. O site Autopia da Wired.com revisa estes 70 anos de Jeepstória.
Dos campos de batalha da Segunda Guerra às dunas da Califórnia, talvez nenhuma outra marca de automóveis seja tão ligada à história americana como a Jeep. Nascida como veículo militar para mais tarde tomar as ruas, a marca passou por várias mudanças ao longo das sete vezes em que mudou de dono – quatro deles com “Chrysler” no nome. Em homenagem à história, decidimos dar uma volta na trilha lamacenta e rochosa que é a memória da Jeep.
Willys MA 1941
Os militares dos EUA pediram a 135 fabricantes de automóveis a oferta de um veículo que substituiria a miscelânea de modelos T e motos que compunham a frota do exército. De acordo com as especificações, o veículo deveria pesar menos de 600 quilos, ter tração nas quatro rodas com uma caixa de transferência de duas velocidades, capacidade de carga para 270 kg e ter uma distância entre eixos de menos de 190 centímetros.Três fabricantes – Willys, Ford e American Bantam – responderam. A maioria dos Fords e Bantams foram enviados aos soviéticos e britânicos, mas o Willys MA acabou tornando-se o mais bem sucedido dos três.
Foto: Chrysler
Willys MB 1943
O Exército dos EUA decidiu em 1941 que um único veículo padronizado seria mais barato. A Willys ganhou o contrato, mas a Ford também foi encarregada de construir o novo veículo, uma versão aprimorada do MA com menos restrições de peso. Foi batizado de MB. O MB tornou-se um ícone da Segunda Guerra, tanto quanto Eisenhower, Winston Churchill, o tanque M4 Sherman e a bazuca.Foram os engenheiros da Ford que economizaram uns trocados ao estampar a grade característica da marca, embora a original tenha nove barras. A conhecida grade de sete barras encontrada nos Jeeps civis feitos após a guerra foi criada para que a Willys pudesse patentear o projeto.
O nome “Jeep” pode também ter vindo da Ford, cujo veículo militar chamava-se originalmente “GP”, sigla para “General Purpose” (Uso Geral, em uma tradução livre). Depois da guerra a Ford processou a Willys pelo uso do nome, mas perdeu.
Foto: Chrysler
Jeep Willys CJ-2A 1945
A Willys percebeu que poderia haver mercado após a guerra para os MB entre os fazendeiros e moradores das montanhas que precisavam de um veículo robusto e capaz de cruzar os terrenos acidentados. Os projetistas adicionaram limpadores de para-brisa e faróis civis ao MB e assim nascia o Willys CJ (de Civilian Jeep – Jeep Civil).Em alguns dos primeiros modelos, peças excedentes da produção militar foram usadas. Mais de 1,2 milhão de CJs foram construídos entre 1944 e 1986. Embora a propriedade tenha mudado da Willys para a Kaiser e depois para a American Motors, o CJ continuou em produção com poucas mudanças por 42 anos até que acabou substituído pelo Wrangler.
Foto: Chrysler
Jeepster 1948
Talvez um presságio da grande onda dos SUVs, o Jeepster era um veículo meio estranho (o que hoje chamamos de crossover) desenhado por Brooks Stevens. Originalmente vendido apenas com tração traseira, ele oferecia pouco da capacidade off-road da série CJ. Embora as vendas tenham sido decepcionantes, vários carros podem traçar sua linhagem desde o Jeepster 1948-1951.Foto: Chrysler
Jeep FC-170 1957
Os utilitários da série FC da Jeep (“Forward Control”, ou “controle avançado, um termo para designar o projeto de cabine sobre o motor), mantiveram as grades Jeep, mas pareciam caminhões de brinquedo gigantes. Precursor dos caminhões urbanos de entregas popularizados pela Kia e Hyundai, a série FC era menor que um trator rebocador e podia ser comprado com uma variedade de carrocerias que ia de furgões de carga a guinchos e caminhões de bombeiros.Foto: Chrysler
Jeep CJ-5
Mencione “jipe” e é no CJ-5 que a maioria das pessoas pensa. O modelo foi lançado em 1954 e construído até 1983. Era baseado no Jeep M38A1usado durante a Guerra da Coreia. A Kaiser continuou usando o motor Willys até 1965, quando foi substituído por um 3.6 baseado em um V6 da Buick. A American Motor Company comprou a Jeep em 1970 – e isso é outra boa história – e começou a usar seus próprios motores em 1972, começando com o mesmo V8 de cinco litros de seus muscle cars. Os novos motores precisaram de um alongamento no capô e nos para-lamas. O CJ-5 foi quase onipresente, com mais de 603 mil unidades produzidas durante uma das mais longas produções da história automotiva.Foto: ekonon / Flickr
Jeep CJ-7 1979
O CJ-7 difere do CJ-5 no entre-eixos mais longo e portas mais quadradas. A AMC também fez algumas modificações no chassi para melhorar o manejo do carro. Você podia comprá-lo com praticamente qualquer motor que quisesse, de um anêmico quatro-cilindros ao V8 de cinco litros. Até motor a diesel da Isuzu ele teve, nas versões de exportação. A AMC produziu mais de 379 mil desses entre 1976 e 1986.Foto: Chrysler
Jeep Cherokee 1984
Os projetistas da AMC uniram-se aos da Renault para criar o Cherokee, o modelo que deu início à mania dos SUV. Com um chassi integrado e suspensão quadra-link, o Cherokee foi um dos primeiros SUV que também era voltado aos donos de carros comuns. Era um incrível off-roader que podia servir como um iate terrestre de luxo. O Cherokee foi tão popular que manteve-se praticamente inalterado até 2001, logo após o lançamento do Grand Cherokee, que deveria tomar seu lugar.Foto: Chrysler
Jeep Grand Wagoneer 1989
Se você conheceu os EUA na década de 80, certamente conheceu o Grand Wagoneer. Durante seus 28 anos de produção, de 1963 a 1991, ele passou por poucas mudanças e tornou-se o veículo produzido por mais tempo nos EUA. Em seu último ano de produção, ele ainda era movido pelo V8 carburado da AMC.Em comparação a outros veículos com tração nas quatro rodas de sua época, o Grand Wagoneer era absolutamente elegante. Faz 15 anos que andei em um pela última vez, mas ainda posso sentir as maçanetas cromadas, a imitação de madeira na lateral, o interior de couro vermelho e o carpete felpudo.
Foto: Chrysler
Jeep Wrangler 1994
O veículo ideal para um passeio ao sol, o Wrangler foi tão afastado de seu antecessor militar que até mesmo a Barbie queria um. Com um rodar mais confortável e os modernos faróis quadrados, odiados pelos puristas, ele tornou-se popular tanto na lama quanto no asfalto.Foto: Chrysler
Jeep Wrangler 1997
Além do retorno dos faróis redondos, o Jeep TJ ganhou suspensão com molas helicoidais para melhorar o conforto e manejo. A série TJ, lançada em 1996 como modelo 1997 tinha um seis-em-linha e vários pacotes de acabamento, incluindo o modelo “sport” da foto acima.Foto: Chrysler
Jeep Compass 2009
Sucessor espiritual do Jeepster, o Compass tinha pouco em comum com os Jeeps anteriores. Há um motivo para isso: concebido durante os anos DaimlerChrysler, ele tinha tração dianteira no modelo de entrada e compartilha plataforma com o Chrysler Sebring, Peugeot 4007 e os Dodge Avenger e Caliber. Com todo esse “pedigree”, temos certeza que o carro da foto acima acabou atolado, e que aquelas marcas de pneu são do caminhão que o rebocou. Não é o pior carro do mundo, mas definitivamente não merece a insígnia Jeep.Foto: Chrysler
Jeep Commander 2009
Segundo o jornalista Dan Neil “o propósito do Commander é dar à Jeep um veículo para sete passageiros, dois lugares a mais que o Grand Cherokee. O que levanta a questão: quem são estas duas pessoas e o que eles fizeram de mal para a Jeep?”Foto: Chrysler
Jeep Grand Cherokee 2011
Um dos melhores SUV de hoje, o novo Grand Cherokee ressurgiu como uma fênix das cinzas da falida Chrysler. Ficamos seriamente impressionados que um produto tão bom possa ter saído de uma empresa com tantos problemas, embora ela tenha aproveitado componentes da Mercedes-Benz ML da época da DaimlerChrysler. O novo Grand Cherokee tem uma suspensão a ar opcional, um botão seletor que ajusta a dinâmica do veículo para diferentes tipos de terreno e um interior que é dos melhores que já vimos em Detroit.Foto: Chrysler
Esta história foi escrita por Keith Barry. Foi publicada originalmente no site Autopia da Wired.com em 14 de janeiro de 2011 e republicada com permissão.